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9 de novembro de 2013

Blackout.


Tinha acabado de chegar na festa, que já estava esperando há alguns dias. Entrei no camarote mas não tinha percebido que ele estava lá, junto com a irmã. Fiquei com vergonha de ir falar com ele depois da minha falta de modos...Pera, vocês não estão entendendo nada né? Deixa eu explicar.
Ele sentava na primeira cadeira da fila do meio de modo a ficar bem na frente do quadro ter uma boa visão e poder fazer perguntas discretamente, ao professor. Ele não gosta de chamar muito a atenção. Não lembro da primeira vez que falei com ele, tomara que eu não tenha falado nenhuma besteira. Eu realmente não sei ao certo o que me chamou atenção nele. Talvez tenha sido a inteligência ou o jeito tão certinho e miminialista que parecia ser, ou talvez, o jeito indecifrável de ser para mim, um abismo. Deixa eu dizer. Eu sempre me orgulhei pelo fato de saber ler as pessoa, mas ele era uma porta trancada sem fechadura. Eu não conseguia olhar e dizer o que se passava na cabeça do futuro engenheiro. Isso me intrigava, frustrava.
E contra a minha vontade, o menino que eu mal falava foi tomando espaço dentro do meu pensamento. Nossa, foi realmente uma coisa que me assustou. Não conseguia ficar perto dele sem ficar desconcertada. Parece que minha mente dava blackout e quando eu voltava a luz ja tinha feito coisas que eu nem chegaria a imaginar. Fazia tanta idiotice, não sabia o que estava acontecendo dentro de minha cabeça inocente, eu realmente não sabia dizer. E ai, que me dei conta, mas antes o estrago já estava feito, já tinha dito tudo que sentia e não tinha o botão de retroceder.
Ele me intrigava, me deixava nervosa, coisa que era nova pra mim, eu não sabia o que dizer o que se passava na cabeça do menino nota 10 depois do feito. Ele foi o primeiro e o único até agora, sabes do que estou falando.
Foi uma fase nova. Minha amiga dizia que eu tinha um sorriso só dele... Mas aos poucos, foi passando, como uma doença terminal que alcança sua cura. Demorou um pouquinho, mas eu consegui.
Nós não nos falávamos pessoalmente, mas depois de um tempo tudo foi esquecido. Ele falava com naturalidade comigo das raras vezes que isso acontecia e eu também, por incrível que pareça.
E agora, ele está ali, no mesmo camarote que o meu, com a irmã e eu não sabia o que fazer  se não ficar olhando pra maldita tela do celular sem realmente olhar. Ele já tinha me visto mas eu acho que a minha falta de modos não deixou espaço pra ele ir falar comigo, e varias vezes passamos um do lado do outro como desconhecidos em um shopping center, e eu aprendi uma coisa.
A vida dá muitas voltas, pode ser clichê mas é verdade, tem pessoas que vão e que ficar, as horas vão e voltam e tudo muda um dia, não adianta querer que tudo seja a mesma coisa só porque você está feliz do jeito que está, não, você tem que dar espaço pra mais e mais coisas novas até o que seja certo e infinito chegar.

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