6 horas, despertador toca levantar para mais um dia,
mesmo que seja um dia diferente ele ainda permanece igual. Tomar banho. Passar
manteiga no pão. Pentear o cabelo. Escovar os dentes. Escolher a roupa.
Procurar o caderno. Ops esqueci o livro de química. Dobra a esquina. Atravessar
a rua em frente a sorveteria. Caminhar debaixo das arvores por causa do sol.
Sentar no mesmo lugar da parada de ônibus. Fazer sinal para motorista parar.
Subir. Desenrolar os fones. Ouvir as mesmas musicas. Descer perto da escola.
Abrir a porta da sala. Sentar no mesmo lugar debaixo da goteira do
ar-condicionado.
Tudo Já parece tão gasto, como se eu tivesse vivido essa
mesma rotina por 10 longos anos. Eu já não consigo rir das piadas que se contam
no meio da aula de geografia. Chego em casa já com aquela sensação ruim de que
no outro dia tudo vai acontecer de novo, sem nenhuma intervenção divina que
faça a minha rotina ter alguma mudança. Já não consigo mais ter que suportar a
ideia de que ainda vou ter andar até aquela mesma parada, no final do dia, para
esperar o mesmo ônibus para ir para casa, com os mesmo passageiros mal educados
e simplórios.
Acho que todos alguma vez na vida já tiveram o desejo de
pegar um avião pra qualquer lugar só para dar um descanso a tudo, espairecer
por um tempo daquela realidade rotineira. Perguntam se eu estou bem e falo que
sim que é só sono. Não é sono, não é falta de tempo, não é dor física, muito
menos depressão. Só vontade de me desligar do mundo por alguns segundos ou
dias. Bem tenho essa sensação inúmeras vezes, não consigo viver de rotina, ela
me cansa, me desgasta. O problema é que ainda não arranjei uma solução, se é
que eu sei qual solução cairia bem, isso está meio “Impossível” agora. Talvez
depois. ah com certeza depois. A única coisa que eu posso fazer agora pra
minimizar a chatice é pensar que o outro dia é um dia a menos que eu tiro do
meu calendário de contagem regressiva para o fim dos dias sem cor, até lá,
ainda vou ter que aguentar muitos dias atravessando a rua da sorveteria.
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